terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O conhecimento “invisível”

Lá vai mais uma de minhas mensagens finalizando o ano...ou natalinas “toscas”, ou como alguns amigos queridos me dizem.....poucas pessoas escrevem como realmente falam e você escreve com profundidade!!! Grandes mentirosos eu diria...tem quem gosta ....tem quem odeia...sei lá..... whatever!!!....português não é lá meu ponto forte.

Bem, talvez toda esta “inspiração” tem sua origem do nada...ou talvez do tudo que observo, que analiso ou simplesmente “incorporo”. Frases como a que ouvi outro dia “tecnologia não é pedagogia” me fazem refletir de fato....pensar em como “tentar” explicar aqui....o tudo que pode ser tecnologia.

Ainda outro dia, ao pegar um papel na escola de minha filha achei engraçado, pois lá estava escrito: proibido portar celulares, mp3, 4, 5 ,6 .....e ai pensei....o seis já era...já foi...já aconteceu!!

Em meus pensamentos, comparei a direção da escola com a frase de minha mãe quando nos anos 80 me perguntou....para que você quer um atari? Eu respondi...quero saber como funciona. Sempre foi assim, destruía aquelas “buzinas” que faziam as bonecas chorarem, quebrava carrinhos de molas de meus irmãos, desmontava despertadores, cartuchos de vídeo games..... só para ver como funcionava.....aquilo tudo me fascinava.....mas logo depois....estava incorporado...não interessava mais...já era!!!

E no mesmo dia do tal mp6, alguém me disse: nunca vou esquecer o que me ensinou, aprendi muito com você, aprendi a trocar hds, formatar maquinas, montar redes...dificilmente algum “técnico” irá me enganar novamente. Cara...não tem noção como isso me irrita, soa totalmente irônico, blaze......pois penso que na verdade, esse alguém pouco aprendeu de fato.

Grande equivoco eu diria....pois ainda hoje, um outro alguém me mostrou um artigo sobre “a morte do hd”. Nas novas tecnologias que surgirão em dias, meses, não existe espaço para hds, cabeamentos e afins, ou seja....o conhecimento adquirido hoje torna-se invisível amanhã...é apenas absorvido..incorporado...ou simplesmente esquecido.

Sou uma profissional de tecnologia, uma educadora, e diria com propriedade, que a frase correta talvez fosse....a tecnologia por si só....não é nada...assim como o giz, a lousa, o caderno, é necessário que sejam absorvidas, compreendidas, trabalhadas e finalmente......incorporadas. Toda mudança tecnológica começa com uma inovação técnica, mas vira cultura ao transformar-se em conhecimento, ao ficar invisível.

Os papiros, a lousa, o livro, o lápis, o giz....a televisão, o vídeo cassete, o dvd, os discos de vinil, a fita cassete, as mídias digitais e finalmente a Internet. Tudo isso é tecnologia.


A própria idéia do computador....teve seu uso inicialmente corporativista, estrategista e aos poucos, estará integrado a geladeira, a televisão, ao microondas...é...o próprio microondas que surge após o fogão elétrico, gás, lenha....e a própria descoberta do fogo. Tudo isso é tecnologia.

Assim, é um engano achar, que a Internet e tudo que vem com ela é algo "tecnológico", totalmente inovador. É, mas apenas no início de uma linha de pensamento. Tecnologia é assim....inovadora....revolucionaria...mas depois de um tempo, é incorporado em nosso cotidiano ou simplesmente......esquecida.

Alguém se lembra dos telefones com disco?? Pois é...foi apenas há 15, 16 anos atrás....hoje a telefonia móvel, faz parte de nossas vidas...parece que sempre esteve conosco. Outro dia li em uma revista: Alguém consegue imaginar o mundo sem celular, sem internet?

Foi incorporado, tornou-se invisível, como uma continuação de nosso corpo, de nosso próprio pensamento. Para uma criança de dez anos a Internet é algo igual a televisão, ou o rádio, ou o celular. Faz parte da vida de forma invisível. Apenas, já é...já aconteceu!!!

Sob este ponto de vista, eu até concordo, tecnologia não é pedagogia. Podemos pensar, que existe um tempo para cada pessoa, para cada grupo ou sociedade, e no momento que determinada tecnologia ou linha de pensamento é muito visível e “incomodante”, criamos atrito e resistimos, até o momento em que ela é incorporada e torna-se “invisível” para a sociedade e para nós mesmos.

É a própria contra cultura. Paradoxal. O invisível se torna cultura, deixa de ser tecnologia e passa a ter seu uso pleno e variado, mudam a sociedade, e a partir de uma nova realidade, altera para sempre nossa maneira de nos posicionarmos no mundo.

Essa invisibilidade inevitável chegará a Escola, transgredindo. A sociedade mudará, a cibercultura de Pierre Levy...do ciberespaço....comunidades virtuais, tudo dentro de um novo ambiente do conhecimento, de uma nova forma de pensar, não mais de uma maneira linear, mas surge uma nova maneira de organização de pensamentos.

A informática, o seu uso em escolas é uma tecnologia diferente de um microondas. Talvez seu incomodo seja porque a informação agora é de todos. O livro teve um papel mais significativo nas mudanças sociais em relação a algumas tecnologias. Por quê?

Talvez porque a Web, a escrita e o livro são tecnologias que giram em ambientes de conhecimento da sociedade e quando essas tecnologias de informação e comunicação sofrem mudanças a sociedade toda se modifica profundamente ao longo do tempo, pois passamos a produzir informação de uma nova forma e mudamos o jeito de nos relacionarmos entre nós e com o conhecimento.

Foi assim, será assim. É uma questão de tempo.

Se não compreendermos esse processo de mudanças tecnológicas que viram cultura, dificilmente conseguiremos pensar em estratégias para o futuro. Não posso acreditar que serão atos isolados como os “nerds” informáticos, grandes corporações como Microsoft, idealistas como os Linux, empreendedores como Steve Jobs, a revolução do google ou mesmo nós.....educadores.

Não, não será cada um isoladamente que “dará conta’” de uma nova visão global....ouso dizer....todos juntos. É um esforço muito grande, uma larga visão, dinâmica, abrangente. Quem perceber a dimensão, quem transgredir.... sai na frente.

Um leigo geralmente é mais sujeito à ataques de fatores externos, perde o foco diversas vezes durante a jornada, até entender a importância de preservá-lo. Saber preservar o ponto de equilíbrio entre tecnologia e conhecimento...faz parte da harmonia. Preservar nossa identidade, não deixar ninguém destruir nossos sonhos, não perder o foco, isso é pensar com racionalidade, tecnologicamente, pois máquinas, na verdade, nascem para ficar invisíveis, devem ser apenas personagens secundários.

Meu trabalho, ainda é um trabalho que para muitos não existem, mas ele está lá, incomodando, agredindo, constrangendo, derrubando “muros” ainda visíveis......esta é minha tese....sou provocativa, transgressora, incomum, muito visível ainda......mas chegará um momento, em que toda a tecnologia da web e a sociedade da informação será incorporada de fato, absorvida, deixará de ser incomodo, as pessoas conseguirão separar a pessoa do personagem, pode ser surreal agora, mas em breve..será apenas parte de um processo que já foi...que aconteceu......totalmente invisível.
Para quem leu até aqui...feliz natal...feliz 2009....cheio de “energia” ou luzes que passaram por diversos caminhos tecnológicos até transformar-se em uma pequena lâmpada, velas acessas com a tecnologia de fósforos que revolucionaram a utilização do fogo, cervejas, sobremesas delicadamente geladas, gelos, brinquedos que imitam sonhos através da tecnologia, flores geneticamente modificadas através de novas tecnologias, roupas bonitas com tecidos ecologicamente corretos....menos tecnologias de guerra....mais pesquisas para utilização racional de células tronco.....lembrou que tudo isso é tecnologia?? Até o show do Roberto Carlos sofreu transformações tecnológicas .....agora será transmitido em HDTV!!!

Mas tente também buscar em seu natal, em seu novo ano, mais humanidade........mais amor.....que também sofreu transformações ...também pode ser virtual....a tecnologia diminuiu distancias. Quando alguém me diz que não pareço de exatas.......que não tenho pensamentos lineares....digo apenas.... sou assim...tecnologicamente ou “ecologicamente” correta...busco o equilíbrio nas artes, na minha maneira de amar, entre conhecer e utilizar uma maquina, cálculos matemáticos, raciocínios lógicos e manter-me apenas humana.

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